Hoje pela manhã, feriado chuvoso, resolvi colocar em dia a leitura dos emails recebidos nos últimos dias. Duas mensagens chamaram especialmente minha atenção: a primeira, enviada por um frequentador de uma das casas espíritas que , vez ou outra, apresentamos alguns temas nas reuniões públicas, criticando o fato de eu estar dando mais importância ao “sofrimento das crianças sírias”, mortas recentemente por tropas fieis ao ditador daquele país, quando “ainda tantas crianças brasileiras morrem de fome e abandono”... Na realidade havíamos repassado para nossa lista de emails um convite para mobilização contra as atrocidades cometidas recentemente naquele país, aderindo e divulgando a tal iniciativa de protesto, como já fizemos em relação a tantos outros temas, inclusive de âmbito local...
Pois bem... Quanto as “nossas” crianças... brasileiras... ou paulistas... ou santistas... ou com meu sobrenome: sim, temos que voltar o nosso olhar tambem para aquelas que estão próximas de nós... todas as crianças, que na realidade são espíritos como nós, vivenciando, enquanto encarnadas, mais uma vez as agruras e oportunidades da infância... mas somos todos crianças espirituais... e aceitando essa comum espiritualidade e/ou humanidade, as distâncias, fronteiras, bandeiras, etnias, idiomas, credos e ideologias, nada significam diante do fato de que somos todos irmãos... Mas o trabalho deve começar em nós, através da pacificação de nosso mundo interior, de nossos valores, sentimentos, pensamentos, de forma a que tal modificação possa impregnar e se exteriorizar através de nossas palavras e atos... Atingindo positivamente aqueles que estão sob nosso teto, que convivem conosco em nossos ambientes profissionais, em nossos círculo social... E depois, vencida nossa inércia nesses contextos tão próximos, conseguiremos espraiar nossa ação no bem junto a sociedade em que estamos inseridos, nos mais diversos ambientes, através de uma consciência cidadã universalista, impactando positivamente através de palavras e atitudes a realidade que assistimos pela televisão ou lemos no jornal... E como ondas concêntricas que surgem a partir de um movimento central (a consciência atingida pelo impacto da co-responsabilidade), alcançado distâncias cada vez maiores, atingindo as bordas do mundo, envolvendo cada ponto de nosso sofrido planeta com o nosso amor, ou pelo menos com aquilo que tivermos de melhor a oferecer...
O outro email falava da sensação de “estranhamento” que a missivista compartilhava comigo, lembrando de um comentário feito por mim ao encaminhar o convite a reflexão que citei anteriormente... Dizia ela que diante da violência e do sofrimento que assistimos (ou melhor, que agora percebemos mais claramente graças aos meios de comunicação, principalmente a internet), muitas vezes sentia-se “estranhamente” impactada... Abaixo, reproduzo a resposta que encaminhei a ela:
“Tambem tenho sentido algo "estranho"... Uma sensação como se tudo a minha volta estivesse "destacado" de mim... Como se eu estivesse, em determinados momentos, numa "bolha de ar", observando.... Uma sensação de solidão e ao mesmo tempo de estar "acompanhado" por outros observadores, olhando na mesma direção... Ontem conversando com um paciente disse mais ou menos assim: "é como se estivéssemos sendo "varridos", todo o planeta, por uma onda de “energia magnética” que estivesse "arrastando" consigo, conforme passa, as "limalhas de ferro", tudo aquilo que não condiz mais com o projeto de um novo mundo... Dentro de nós ainda existem "porções dessa limalha", mais em alguns e menos em outros, que tambem são atraidas e arrastadas por essa energia purificadora... isso pode ser até um processo doloroso, pois "parte" de nós está sendo "puxada" pra fora, mas se nos agarrarmos a estas partes de nosso ser, estas "limalhas" que representam tudo aquilo que não mais condiz com os novos tempos, infelizmente, por apego ao "homem velho", acabaremos tambem sendo arrastados por essa "onda", como os náufragos que se afogam por não largarem os pesados bens que vão para o fundo do mar...
Acho que é mais ou menos isso que venho sentindo...”
Dois emails, duas visões, duas reações, dois posicionamentos e reflexões a partir de um mesma situação... Estamos vivendo tempos de mudança, ou melhor dizendo, tempos de oportunidade de mudança... Mas essa mudança somente se efetivará profundamente se ocorrer a partir de cada um de nós... E como pedras lançadas no lago de nossos egos, desdobrando-se em ondas para todas as direções a partir de nossas consciências...
Um ótimo fim de semana a todos...
Namastê...
