domingo, 8 de julho de 2012

Alma, corpo, mente, ego e personalidade: partes de um Ser que busca a si mesmo

Seja por conta de nossas próprias buscas, no esforço por compreendermos as forças que compõem ou que agem sobre nossa própria vida, ou no exercício de nossas atividades profissionais e portanto no contínuo exercício de dar suporte aos nossos pacientes na superação de seus conflitos e/ou sofrimentos, nos deparamos constantemente com o desafio de separar aquilo que nos define como Ser daquilo que pensamos Ser, ou o que é pior, daquilo que acreditamos que “temos” que Ser.

E assistimos, constantemente, inclusive em nós mesmos, um esforço por nos “livrarmos” das partes que identificamos como indesejadas, arriscando muitas vezes a perdermos aquilo que nos dá, apesar do sofrimento, a noção de quem somos realmente ou onde talvez resida a “força”, a vontade (mesmo que momentaneamente envolvida em objetivos ilusórios e/ou limitantes) imprescindível ao processo de transcendência e de realização do que trazemos potencialmente dentro de nós.

Infelizmente nossa cultura ocidental, tão segura ao lidar com os fatores externos do Ser, revela-se extremamente limitada ou presa a paradigmas que há muito não nos satisfazem em nossa busca por entendimento daquilo que somos em essência, além do espaço e do tempo, no recôndito de nossas almas.

E assim pensando nos deparamos esta manhã com um texto extremamente interessante, cujas palavras e idéias que se formavam, a medida em que o liamos, iam ocupando alguns espaços vazios entre nossas dúvidas. Obviamente, ainda são tantas as perguntas a responder, mas isso não me impediu de querer compartilhar com vocês algo que talvez possa trazer algumas respostas, ou pelo menos manter em movimento a reflexão sobre nosso viver.

Espero que apreciem o texto a seguir, retirado do livro “Tudo pode ser curado”, de autoria de Martin Brofman... Namastê...

“A mente é uma ferramenta da consciência e é apenas uma parte dessa consciência... Quando uma criança vem ao mundo, ela é uma alma que se manifesta através de uma consciência individualizada, o espírito. Possui de igual modo uma mente que está associada ao Chakra Amarelo (também chamado Mental ou Plexo Solar) e que ela utiliza no seu processo de aprendizagem. Quando aprende a reagir a certos sons (o seu nome, por exemplo) ou a comportar-se de certa forma, ela é recompensada com amor. Rapidamente começa a identificar-se com as coisas que conhece, em vez de identificar-se com aquilo que ela é, e dessa forma desenvolve, igualmente no nível do Chakra Amarelo, a personalidade.

Essa personalidade consiste, portanto, para a criança, na sua identificação com a sua mente, situação essa que tem sido definida no ocidente como sendo norma da sociedade, a nossa definição de normalidade.

Por vezes, a personalidade está em concordância com o espírito e, por outras, parece estar querendo caminhar em outra direção, criando uma tensão, até que ambas possam de novo ficar alinhadas. O Ser interior, o espírito, poderá desejar uma coisa, enquanto que a personalidade poderá sentir alguma dificuldade a esse respeito, porque vive pressionada pelas inibições que lhe são impostas pela sociedade. Algumas das referidas inibições podem ser de algum valor, no sentido de que protegem a sociedade, mas outras, pelo contrário, apenas impendem as pessoas de serem elas próprias e de viverem as suas verdades. As tensões assim criadas podem dar origem eventualmente a sintomas, até o momento em que a pessoa consiga regressar a ser quem ela é na verdade, e passe a viver a sua verdade, optando por deixar de ficar à mercê de idéias auto-limitadoras.

Ela pode igualmente optar por viver num setor da sociedade que dê valor àquela maneira de ser que a faz sentir feliz e que para ela é natural.

Embora o desejo de viver a paz interior seja grande, devido a uma forte identificação com a atividade mental, milhares de pessoas na sociedade ocidental sentem-se pouco à vontade com a idéia de permitir que a mente descanse. As suas mentes deixaram de ser meras ferramentas e passaram a ser os seus mestres.

A reconquista da maestria da nossa própria mente passa pela tomada de decisão consciente de quais idéias aceitamos ou rejeitamos, escolhendo as percepções em vez de permanecermos à sua mêrce, e desenvolvendo a capacidade de permitir que a mente descanse na inatividade até o momento em que ela seja de novo requerida para o processo analítico. Ao procedermos dessa maneira, advirá uma faculdade acrescida de estarmos presentes e de vermos as coisas tal como elas são, em vez de as vermos através do filtro de percepção das ideias preconcebidas que possuímos acerca do que é verdade.

Dessa forma passa a haver, igualmente na consciência, mais paz e mais calma e uma capacidade acrescida de comunicação com outros níveis de consciência, em vez da negação dos impulsos intuitivos por ideias preconcebidas e por elaborações racionais para não os seguir.

Quando a personalidade caminha em outro sentido que não aquele em que segue o espírito, a nomeamos frequentemente de Ego. Enquanto muitas disciplinas espirituais estão vocacionadas no sentido da destruição ou subjugação do ego, podemos igualmente ver esta postura como uma forma de combate contra algo que faz parte de nós, criando tensões adicionais pelo fato de discriminar essa parte de nós, tornando assim mais difícil ainda a tarefa de nos libertarmos de todo esse processo.

Faz mais sentido uma aceitação de todos os aspectos de nós mesmos, combinada com uma opção consciente de nos alinharmos com aquilo que, em níveis profundos do nosso Ser, é verdadeiro para nós, alinhando a personalidade com o espírito e removendo desse modo a tensão, sem minimizar ou destruir qualquer aspecto daquilo que somos.

Uma forma de o fazermos é através da tomada de consciência de que tudo que acontece nas nossas vidas não é mais do que aquilo que realmente queríamos que acontecesse, o reflexo de decisões que tomamos em um nível profundo. Ao admitirmos este fato, reconhecemos desse modo que o espírito tem nos guiado e que é possível nos libertarmos de tensões passadas, ao situarmo-nos no momento presente reorientados de maneira mais positiva em relação ao futuro.

Podemos igualmente decidir que estivemos de algum modo fazendo a coisa acertada embora não tivéssemos consciência das boas intenções de nossas ações. Estas têm sido feitas em perfeita concordância com as sensibilidades e com os valores, que formam as bases das nossas prioridades e de todas as nossas decisões.

O que acaba de ser dito está em conformidade com a filosofia tibetana que afirma que em virtude daquilo que você é, sempre foi e sempre será, não há jamais qualquer necessidade de se desculpar ou de justificar pelas ações que tenha assumido. Por esse prisma, você tem sido sempre guiado pelo espírito e tem sempre feito a coisa certa, de acordo com os valores pelos quais tem vivido.

Poderá também, claro, reconhecer certos modos de ser passados que não tenham proporcionado resultados satisfatórios para você, independentemente da justificação que possa ter criado em apoio dessas maneiras de ser, e tomar em seguida a decisão de que já não precisa fazer as coisas dessa maneira. Poderá, então, reconhecer prioridades diferentes e, com base nelas, estabelecer valores diversos, tendo a possibilidade de ter uma vivência diferente da que você teve até então.

Ao fazê-lo, aceita uma outra maneira de ser que funciona melhor para você, e passa a sentir maior paz em seu íntimo. Não precisa continuar a identificar-se com as ações do Ser que deixou de existir, nem sequer a justificá-las. Passa, ao invés disso, a encarar esse Ser com maior compaixão e a viver o que resta da sua nova vida. Liberta-se desse modo do sofrimento que impôs a si próprio e renasce nesse mesmo instante numa outra experiência de vida que o faz sentir-se muito melhor e na qual vive uma felicidade maior.

Será, então, igualmente capaz de viver na consciência a liberdade que lhe permitirá explorar níveis mais profundos do seu Ser, considerados mais elevados.”

Paz e Harmonia Sempre...

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